Polícia Militar fica sem viaturas por falta de pagamento do Governo do Amazonas  

Veículos da Rocam foram entregues pelo governador Wilson Lima em abril de 20222, período de campanha à reeleição ─ FOTO: Reprodução  

 

Manaus (AM) ─ A grave crise na segurança pública do Amazonas atinge um novo patamar alarmante. Imagens recentes comprovam o início do recolhimento de metade da frota de viaturas da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) pela empresa A.C.B. Locadora de Veículos Ltda., em cumprimento a um mandado de segurança obtido na Justiça do Amazonas.

A medida drástica é motivada pelo persistente não pagamento de uma dívida milionária que ultrapassa os R$ 15,5 milhões. Em um comunicado formal, datado de 29 de abril de 2025, a A.C.B. por meio de seu administrador Alessandro Corrêa Bergamasco, expressou de forma clara a urgência em receber os valores pendentes.

─ Reforçamos que esta decisão, embora indesejada, é necessária para a preservação da continuidade dos demais compromissos da empresa e para o cumprimento dos princípios de gestão responsável e da boa governança. Permanecemos à disposição para tratativas de regularização, desde que atendidos os requisitos de restabelecimento do equilíbrio financeiro. Sem mais, renovamos votos de elevada estima e consideração.

A empresa, portanto, condiciona a normalização dos serviços ao pagamento dos valores em atraso.

Veja o documento da empresa:

A situação atual não é inédita. No ano passado o Governo do Amazonas também deixou de honrar seus compromissos financeiros com a A.C.B. Locadora de Veículos resultando no recolhimento de viaturas da Polícia Militar e da Rocam em um episódio similar.

Essa reincidência demonstra um padrão preocupante de negligência na gestão dos contratos essenciais para a segurança pública do estado. Enquanto a população amazonense testemunha, pela segunda vez em um ano, a redução da frota policial por falta de pagamento, o governador Wilson Lima segue com sua agenda.

Nesta quinta-feira (15/05), o chefe do executivo estadual esteve no município de Manicoré, distante cerca de 330 quilômetros de Manaus, para a entrega do sistema viário da cidade. A prioridade dada a eventos no interior em detrimento da resolução de uma crise que afeta diretamente a segurança da população da capital e de todo o estado gera forte crítica e indignação.

Fragilidade do sistema ─ A reincidência da crise expõe a fragilidade da gestão financeira da segurança pública em um estado que clama por mais investimentos e ações efetivas no combate à violência.

O Amazonas figura como o terceiro estado com o maior número de mortes violentas no Brasil e detém o alarmante primeiro lugar em violência contra a mulher, de acordo com o Atlas da Violência do ano passado.

A instabilidade nos serviços de segurança, causada pela falta de pagamento e consequente recolhimento de viaturas, agrava ainda mais o cenário de insegurança e deixa a população vulnerável.

A sociedade amazonense exige respostas urgentes e concretas do governo estadual. É imprescindível que os pagamentos sejam regularizados imediatamente para que as viaturas da Rocam retornem às ruas e a capacidade operacional da polícia seja restabelecida.

A repetição da crise demonstra a necessidade de uma gestão mais eficiente e responsável dos recursos destinados à segurança pública, evitando que a população continue refém da inadimplência do governo e das consequências desastrosas para a segurança de todos.

 

Da Redação

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