Manaus (AM) ─ A desembargadora do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), Carla Maria Santos dos Reis, decidiu nesta terça-feira (18/10) que a Prefeitura de Manaus deve remover a propaganda institucional dos programas “Asfalta Manaus” e “Passe Livre Estudantil” pelos crimes de abuso do poder político e econômico em favor da campanha à reeleição do governador Wilson Lima (União Brasil).
A medida faz parte da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) apresentada pela assessoria jurídica do candidato ao Governo do Amazonas pela coligação “Em defesa da vida”, senador Eduardo Braga (MDB) e tem como investigados o prefeito David Almeida, o candidato à vice na chapa do governador, Tadeu de Souza e o secretário de Comunicação, Israel Conte.
Os dois projetos são executados em parceria com o governo estadual e, de acordo com a decisão da magistrada, suas veiculações beneficiam diretamente o candidato à reeleição, o governador Wilson Lima. A legislação brasileira permite a divulgação institucional, durante o período eleitoral, desde que sejam de caráter informativo, educativo ou de orientação.
No entanto, as peças veiculadas em espaços publicitários adquiridos onerosamente pela Prefeitura de Manaus tiveram o intuito de alavancar ilicitamente a candidatura do governador, que tem o apoio aberto do prefeito David Almeida.
“A veiculação, na última semana do primeiro turno, de dezenas de inserções pagas de televisão, a instalação de dezenas de outdoors e painéis espalhados pela cidade de Manaus, a aquisição sucessiva de espaços publicitários em blogs e portais online, o patrocínio de publicações no dia das eleições, conferiram visibilidade além da permitida por lei”, argumentou a assessoria.
Os advogados salientaram, ainda, que o banco de dados de cidadãos foi usado de forma irregular pelo Executivo municipal a fim de desequilibrar o pleito em favor do candidato que tem apoio da máquina pública. “Disparo de propaganda a e-mails disponíveis em cadastros da prefeitura, tiveram o objetivo de amplificar a divulgação das mensagens apresentadas na propaganda eleitoral dos investigados, assim incorrendo em abuso de poder político e econômico, bem como uso abusivo dos meios de comunicação social”, destacou.
Uso abusivo ─ A desembargadora Carla Reis acatou o pedido de remoção da divulgação ao considerar os dados. “Pode indicar prática de conduta abusiva durante o período eleitoral, com potencial lesivo à quebra da isonomia na disputa eleitoral, assim contendo os elementos mínimos ao encetamento da investigação perquirida, visando à apuração de eventuais abusos de poder político e econômico, assim também à apuração de uso abusivo dos meios de comunicação social, por parte dos titulares da máquina administrativa estatal. Nesse cenário, a suspensão das propagandas é medida que se impõe”, determinou a magistrada
Na decisão a magistrada determina que a medida deve ser cumprida imediatamente para evitar maiores prejuízos. Devem ser retiradas as publicidades “inserida em outdoors, inserções de rádio e televisão, em quaisquer espaços publicitários e banners de propaganda, e assemelhados, no prazo de 48 horas, sob pena de cominação de multa diária em caso de descumprimento da presente determinação, no valor de R$ 500 mil por dia de descumprimento”. Além disso, devem ser removidos os links da publicidade que estão em exibição em diversos sites patrocinados pela prefeitura.
A assessoria jurídica de Eduardo Braga elogiou a ação da justiça pela firmeza em coibir a prática ilegal e nociva à democracia não só pela publicidade irregular, mas por conter o desvio de recursos dos cidadãos que deveriam ser gastos com os serviços públicos essenciais. “Ficou comprovado que a Prefeitura de Manaus foi utilizada como instrumento de propaganda eleitoral em benefício de Wilson Lima. Houve desvio de dinheiro público para custear a divulgação da campanha eleitoral, que poderiam ter sido investidos em outras áreas vitais. A Justiça teve papel primordial tanto no equilibro da disputa eleitoral quanto na proteção dos interesses da população manauara”, afirmou o advogado Guilherme Gonçalves.
Com informações da assessoria de imprensa