Em Eirunepé, mortos por Hepatite D são sepultados fora do cemitério    

O cemitério da cidade fica ao lado de uma Unidade de Saúde, e dividido apenas por um igarapé ─ FOTO: Reprodução    

 

Manaus (AM) – O município de Eirunepé, o maior da calha do rio Juruá, no sudoeste do Amazonas (distante 1.052 quilômetros de Manaus), enfrenta uma crise sanitária e humanitária alarmante, marcada por um surto avassalador de Hepatite D ─ uma forma grave e fulminante da doença.

Para agravar a situação, os óbitos decorrentes desta praga estão sendo sepultados em um terreno improvisado, fora do cemitério municipal e perigosamente próximo à principal unidade de saúde local, separados apenas por um pequeno igarapé.

Este cenário de desespero é agravado pela chocante inércia da prefeitura local, administrada pela Professora Áurea (MDB), que parece ignorar a urgência da situação.

A tragédia ganhou contornos ainda mais explícitos em 30 de junho de 2025, quando a senhora Rosângela Henrique da Silva faleceu em decorrência da Hepatite D e foi sepultada em uma cova improvisada ao lado do igarapé, que deságua no rio Juruá.

O rio é a principal fonte de abastecimento de água da cidade. Fotografias recentes encaminhadas à redação do amazonas365 demonstram a expansão dessas novas covas, cada vez mais próximas da unidade de saúde e do córrego adjacente, que está visivelmente contaminado e infestado por animais peçonhentos.

Um chamado urgente às autoridades Federais e Estaduais ─ Fontes locais expressam forte desconfiança em relação à Secretaria de Saúde do município, levantando a possibilidade de subnotificação de casos de Hepatite D ao Ministério da Saúde.

A suspeita é que os laudos de óbito estejam sendo sistematicamente registrados como “cirrose hepática”, mascarando a verdadeira dimensão da epidemia e impedindo a tomada de ações adequadas por parte das esferas superiores do governo.

Eirunepé ficou sem voos ─ A situação de Eirunepé é de isolamento e total abandono. Há dois meses, a companhia aérea Azul, única a operar voos comerciais para o município, suspendeu definitivamente suas operações devido a irregularidades na pista de pouso.

O transporte de passageiros por via fluvial é inexistente, restando apenas o uso de balsas que levam 20 dias para chegar a Manaus e se limitam ao transporte de mantimentos.

A cidade está à deriva, sofrendo com o completo descaso das autoridades locais, que até o momento não se manifestaram publicamente sobre a crise. Este cenário exige a atenção imediata e a intervenção urgente das autoridades federais e estaduais.

É imperativo que o Ministério da Saúde, o governo estadual e demais órgãos competentes atuem para:

  • Investigar a fundo as causas e a real dimensão do surto de Hepatite D, verificando a veracidade das notificações de óbito.
  • Garantir o sepultamento digno e seguro dos falecidos, com a imediata desativação do cemitério improvisado e a devida descontaminação da área.
  • Restabelecer com urgência a infraestrutura de transporte aéreo e fluvial para permitir o escoamento de doentes graves e a chegada de suprimentos e equipes de saúde.
  • Prover apoio técnico e financeiro para que Eirunepé possa enfrentar a crise sanitária, com ações de saneamento básico, educação em saúde e tratamento da população.

A vida e a saúde dos moradores de Eirunepé estão em risco. A falta de resposta da prefeitura local exige que os olhos do Brasil se voltem para esta tragédia amazônica.

 

Da Redação

 

 

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