
Manaus (AM) – A crescente audácia dos piratas que aterrorizam os rios do Amazonas escancara a flagrante ausência de uma política de segurança pública eficaz para proteger a vital hidrovia da região. É por ela que são transportados insumos para a Zona Franca de Manaus e os produtos que são fabricados no polo industrial.
A mais recente tática das quadrilhas, revelada pelo Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Estado do Amazonas (Sindarma), envolve o uso de drones para localizar, monitorar e atacar embarcações, principalmente as que transportam combustíveis.
Essa escalada tecnológica da criminalidade agrava um cenário onde o setor de navegação já acumula perdas superiores a R$ 100 milhões devido aos constantes assaltos. A denúncia foi formalizada durante o fórum “Segurança nas Operações Aquaviárias no Norte do Brasil”, realizado em Manaus pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
Na ocasião, o presidente do Sindarma, Galdino Alencar, alertou as secretarias de segurança do Amazonas, Pará e Rondônia para a sofisticação das quadrilhas, que além de armamento pesado e embarcações de alta velocidade, agora empregam aeronaves não tripuladas para acompanhar a movimentação das balsas em diversas bacias do estado.
─ Nos últimos meses estamos recebendo cada vez mais esta notificação das tripulações. É mais um problema que temos que enfrentar, uma vez que os piratas estão utilizando vários drones simultaneamente para inspecionar as balsas, a carga transportada e ameaçar os tripulantes, inclusive no período noturno -, enfatizou Galdino Alencar, expondo a vulnerabilidade das embarcações diante da tecnologia criminosa.
Pirataria cresce ─ O presidente do Sindarma reiterou a urgência de uma ação coordenada e intensificada das forças de segurança pública estaduais e federais nos rios da Amazônia. A falta de uma presença constante e ostensiva das autoridades permite que a pirataria floresça, causando prejuízos bilionários à economia regional e colocando em risco a vida dos trabalhadores da navegação.
Embora a implantação de escoltas armadas privadas pelas transportadoras, com apoio das distribuidoras de combustível, tenha reduzido o sucesso dos ataques, as tentativas e ameaças persistem, com relatos quase diários de trocas de tiros. A introdução de drones pelas quadrilhas eleva o nível de perigo e complexidade no combate à criminalidade fluvial.
Galdino Alencar também chamou a atenção para a necessidade de regular a operação de dragas e atividades de garimpo, especialmente no rio Madeira, onde se estima a existência de mais de 2 mil dragas, muitas em situação irregular e obstruindo o canal de navegação.
Essa situação demonstra a ausência de fiscalização e controle em diversas frentes, contribuindo para um ambiente de insegurança e ilegalidade nos rios da Amazônia. A persistente falta de uma política de segurança pública robusta e abrangente nos rios da Amazônia não apenas onera o setor de navegação, mas também expõe a fragilidade do estado diante da criminalidade organizada, que se adapta e evolui em um ambiente de aparente negligência governamental.
Da Redação com informações da assessoria de imprensa.