
Manaus (AM) ─ A ousadia e a violência do sequestro de dois funcionários de uma distribuidora de cigarros nesta quarta-feira (14/05), na rua Coronel Conrado, bairro Petrópolis, zona Sul de Manaus, ecoam como um grito de alerta em meio ao crescente estado de insegurança que assola o Amazonas com a falta de viaturas e de policiais nas ruas.
A ação criminosa, onde seis homens armados interceptaram a van de entrega e subtraíram uma carga avaliada em R$ 90 mil, não é um fato isolado, mas sim um sintoma alarmante de um sistema de segurança pública em frangalhos, operando com viaturas recolhidas, uma dívida milionária paralisante e um secretário que se esconde do debate na Assembleia Legislativa.
Segundo relatos das vítimas, a ação cinematográfica ocorreu à luz do dia, expondo a fragilidade do policiamento ostensivo em uma das maiores cidades do estado. Os funcionários foram brutalmente surpreendidos, forçados a entrar na van e levados até a rua Nova, no mesmo bairro, onde foram liberados após os criminosos concretizarem o roubo da valiosa carga de cigarros.
As imagens de câmeras de vigilância, que registraram a ação, servem como prova da audácia dos criminosos e da sensação de impunidade que parece reinar nas ruas de Manaus.
Veja o vídeo:
A resposta tardia da 3ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), que chegou ao local após a fuga dos criminosos em dois veículos, um preto e um prata, ilustra a dificuldade da Polícia Militar em responder prontamente às ocorrências, um problema diretamente ligado à crise de infraestrutura e à falta de recursos que assola a corporação.
Essa dificuldade se agrava com o escândalo do recolhimento de viaturas da PM pela empresa ACB Locadora de Veículos, em decorrência de uma dívida astronômica de R$ 15,5 milhões acumulada pelo governo Wilson Lima. Como esperar que a polícia proteja a população de sequestros e outros crimes graves quando sequer possui viaturas suficientes para o patrulhamento?
Esclarecimentos ─ Enquanto a criminalidade avança com tamanha desenvoltura, o secretário de Segurança Pública, coronel Vinícius Almeida, mantém uma postura de silêncio ensurdecedor diante da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), ignorando três convites oficiais para prestar esclarecimentos sobre a calamitosa situação da segurança.
Essa fuga do debate público não apenas demonstra um desrespeito pelas instituições democráticas, mas também alimenta a percepção de que a cúpula da segurança pública estadual não tem respostas ou soluções para apresentar à população aterrorizada.
O sequestro milionário em Petrópolis, somado ao recolhimento de viaturas por dívida, à ausência do secretário no parlamento e aos relatos diários de violência, pinta um quadro sombrio de um estado onde a segurança pública se tornou uma ficção perigosa.
A população do Amazonas clama por respostas, por ação e por um governo que priorize a vida e o patrimônio de seus cidadãos, em vez de negligenciar a principal força de segurança e se esquivar do escrutínio público. A ousadia dos criminosos em cometer um sequestro de tamanha proporção é um reflexo direto da falta de comando e da ineficiência que corroem a segurança pública do Amazonas.
Da Redação







