Manaus (AM) – O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), tem sua participação confirmada no ato a favor da anistia dos presos pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. O evento está marcado para este domingo (06/04), em São Paulo, com a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A presença de Wilson Lima na manifestação pró-anistia ganha contornos ainda mais controversos diante de seu histórico de repúdio à invasão aos prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, e aos atos de vandalismo nas sedes dos Três Poderes, manifestado publicamente em suas redes sociais no dia das invasões.
A adesão do governador do Amazonas à pauta bolsonarista da anistia ocorre em um momento delicado para sua gestão. O governador é réu no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em um processo que apura irregularidades na aquisição de ventiladores pulmonares em lojas de vinhos durante a pandemia de COVID-19 em Manaus.
A acusação de improbidade administrativa e possível desvio de recursos públicos paira sobre sua administração, gerando desgaste político e questionamentos sobre sua conduta à frente do governo estadual.
Além dos problemas judiciais, Wilson Lima enfrenta um significativo índice de impopularidade no Amazonas. Em junho de 2023, ele foi apontado pelo Instituto Paraná, como o pior governador do Brasil dentre os 10 chefes do Executivo estadual.
Diante desse cenário de fragilidade política e baixa aprovação popular, a participação no ato pró-anistia levanta o seguinte questionamento: estaria Wilson Lima, de olho nas eleições de 2026 e em uma possível candidatura ao Senado, buscando uma guinada ideológica para atrair o eleitorado bolsonarista do Amazonas?
A dissonância entre a firme condenação dos atos golpistas em janeiro de 2023 e a atual participação em um evento que visa anistiar os responsáveis não passou despercebida.
Analistas políticos interpretam essa mudança de postura como uma possível estratégia de Wilson Lima para se realinhar com uma parcela significativa do eleitorado amazonense, buscando pavimentar seu caminho rumo ao Senado em 2026.
No entanto, essa manobra arriscada pode alienar ainda mais o eleitorado que valoriza a defesa da democracia e a punição de atos antidemocráticos.
A presença de um governador réu no STJ em um ato político de tamanha polarização, contrastando com seu próprio histórico de repúdio aos eventos de 8 de janeiro e com suas ambições eleitorais futuras, certamente terá um impacto significativo no cenário político do Amazonas.
Resta observar se essa tentativa de aproximação com a base bolsonarista será bem-sucedida em reverter sua impopularidade e quais as consequências dessa guinada para sua imagem e para o futuro político do estado.
Da Redação
