Manaus (AM) ─ Alvo da operação Cama de Gato da Polícia Federal, no ano passado, por suspeitas de desvios de recursos da saúde, o prefeito de Eirunepé, Raylan Barroso anunciou, nesta semana, a aquisição de material didático para a Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, com um investimento superior a R$ 694 mil.
A compra acontece faltando cerca de quatro meses para o fim do ano letivo naquela cidade. De acordo com o Diário Oficial dos Municípios (DOM), o valor anunciado será pago à empresa Maria Luiza Fogaça Milhões Ltda., conhecida como Educa & Tec Comércio, Serviço e Representação, localizada na capital amazonense.
No mês passado, o prefeito já havia firmado um contrato similar com a mesma empresa para a aquisição de livros, também sem licitação, no valor total de R$ 771.032,00.
Faltando três meses para as eleições municipais, na qual Raylan Barroso lançou o ex-secretário de Obras, Anderson Alencar, como candidato a seu sucessor, a contratação foi realizada pela prefeitura de Eirunepé com base na inexigibilidade de licitação.
A decisão de realizar essas compras perto do término do ano letivo e a utilização do processo de inexigibilidade têm gerado discussões sobre a transparência e a necessidade dessas aquisições.
Alvo de investigação ─ No dia 2 de março do ano passado, o prefeito Raylan Barroso foi alvo da operação Cama de Gato da Polícia Federal com cumprimento de mandado de busca e apreensão de documentos. A ação investigava um grupo criminoso ligado ao chefe do Executivo de Eirunepé.
De acordo com a PF, a organização criminosa atua praticando crimes de fraude à licitação, desvio de recursos, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro no município. A estimativa é que os desvios estejam ocorrendo desde o ano de 2020. O prejuízo ao município ultrapassa R$ 10 milhões em contratações fraudadas.
Ainda segundo a PF, a investigação teve início em abril de 2021 no município é comandado pelo prefeito Raylan Barroso. As fraudes ocorreram durante e após o período da pandemia do Covid-19. As contratações eram, em sua grande maioria, realizadas por meio de dispensa de licitação.
Em apenas um dos contratos, foi verificado que a prefeitura de Eirunepé pagou por 150 mil máscaras de proteção mais do que o dobro do valor cobrado em todo o estado do Amazonas. Além disso, o quantitativo adquirido equivale a cinco vezes o contingente populacional da cidade.
Na época, em nota, divulgada nas redes sociais, a prefeitura da cidade disse que Raylan Barroso estava buscando ainda informações sobre a ação da PF e colaborando com o trabalho da Justiça e da Polícia.
Da Redação