CONVÊNIO DE DNA | Solução ou manobra política do governador para eleição de 2026?    

No Amazonas, o banco de DNA é mantido pelo governo do Estado e capaz de atender demanda interna ─ FOTO: Tácio Melo/Secom    

 

Manaus (AM) ─ O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Progressistas), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assinaram na última terça-feira (10/06), um convênio que visa realizar 2,5 mil exames de DNA para processos de justiça gratuita no Amazonas.

Embora a iniciativa seja apresentada como um avanço para acelerar a resolução de investigações de paternidade, especialistas em política amazonense veem a medida como uma manobra de Wilson Lima para construir um palanque para Tarcísio de Freitas e, assim, pavimentar sua própria candidatura ao Senado em 2026.

Apesar da pompa do convênio, o Amazonas já conta com recursos para a realização desses exames. O Departamento de Perícia Técnico-Científica (DPTC) da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Amazonas possui um laboratório de DNA próprio e operacional, capaz de conduzir análises genéticas.

Além disso, diversos laboratórios privados no estado têm a expertise e a capacidade técnica para realizar exames de DNA em larga escala, podendo ser contratados pelo governo estadual.

A opção por buscar apoio em São Paulo, portanto, levanta questionamentos sobre a real necessidade dessa cooperação e a valorização da estrutura já existente no próprio estado.

Parceria com propósito eleitoral

Para observadores políticos no Amazonas, a parceria com o governo de São Paulo, comandado por uma figura em ascensão na direita brasileira como Tarcísio de Freitas – que deve concorrer à presidência da República em 2026 com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível – serve a um propósito eleitoral.

A aproximação estratégica com Tarcísio posicionaria Wilson Lima como um aliado importante da direita nacional, fortalecendo sua base para uma eventual candidatura ao Senado.

O governador Wilson Lima justificou o convênio afirmando que a medida visa garantir o direito básico à dignidade de pessoas de baixa renda que dependem da justiça gratuita.

A execução do convênio será compartilhada: a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) do Amazonas será responsável pelo repasse de recursos, cadastro de beneficiários e fiscalização.

O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) organizará a coleta de material genético, e o Instituto de Medicina Social e de Criminologia (Imesc) de São Paulo, uma autarquia pública, fará as análises laboratoriais e a emissão dos laudos.

Apesar dos benefícios anunciados para as famílias, a decisão de externalizar esses exames, em vez de investir e fortalecer os laboratórios locais, ressoa como um movimento com motivações mais políticas do que puramente técnicas ou sociais para muitos analistas do cenário amazonense.

 

Da Redação

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