Manaus (AM) ─ Uma operação da Polícia Civil em Manaus ganhou repercussão nacional ao desvendar um esquema sofisticado de tráfico internacional. Policiais encontraram cerca de 40 quilos de “cocaína negra”, uma versão da droga quimicamente modificada para ser indetectável, escondida em fundos falsos de móveis e quadros de uma mansão de luxo no bairro Ponta Negra, zona Centro-Oeste.
O caso, que foi destaque no programa Fantástico (TV Globo), neste domingo (16/11), chocou a sociedade manauara e revelou a engenharia criminosa por trás do tráfico na rota do Solimões.
A principal característica da droga apreendida é sua modificação química, que a torna invisível aos métodos tradicionais de fiscalização:
Características da droga: É uma variação da cocaína modificada com a adição de carvão ativado e outros corantes. Essas substâncias criam um complexo químico que mascara o odor original da cocaína e impede a reação química que gera a cor azul nos testes preliminares.
Teste negativo: O delegado Rodrigo Torres, diretor do Denarc, confirmou que tanto os cães farejadores quanto os testes preliminares deram negativo para a droga. A cocaína só foi confirmada após exames aprofundados em laboratório e inspeção manual nos móveis.
Valor e origem: Essa “engenharia criminosa” eleva drasticamente o valor do entorpecente, que pode ser até 10 vezes mais caro que a cocaína comum. As investigações apontam que a droga veio do Peru pela Rota do Solimões e tinha como destino provável a Austrália.
O envolvimento social e a polêmica na cidade ─ A polêmica na capital amazonense reside no fato de a droga estar escondida na mansão da empresária Liege Aurora Pinto da Cruz, uma figura conhecida na alta sociedade manauara.
A casa, localizada na prestigiada Avenida Coronel Teixeira, com campo de futebol e heliporto, foi inicialmente considerada “acima de qualquer suspeita” pelo Denarc. A proprietária não estava no local no momento da apreensão, mas se colocou à disposição das autoridades para esclarecimentos.
Um casal de caseiros peruanos, German Alonso Pires Rodrigues e Jeyme Farias Batalha, que trabalhavam havia 10 anos na residência, foi preso na operação.
Da Redação
