
Manaus (AM) – Gastos com apostas online, como as “bets” e jogos do tigrinho, estão impactando significativamente o futuro educacional dos jovens brasileiros. É o que apontou o senador Humberto Costa (PT-PE) em pronunciamento no plenário do Senado nesta quarta-feira (09/07), baseando-se em um levantamento da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior.
Segundo o senador, a pesquisa, que entrevistou 11.762 jovens de 18 a 35 anos em março, revela que 34% dos entrevistados adiaram o ingresso em um curso de graduação devido a despesas com apostas online. Esse índice é ainda maior nas regiões Norte e Sudeste, e atinge impressionantes 44% no Nordeste e 41% no Sudeste.
O cenário é particularmente grave nas classes sociais de menor renda (D e E), onde 43% dos jovens afirmam que precisarão parar de investir em apostas online para conseguir entrar na universidade, em contraste com 22% na classe A.
Impacto na permanência e alerta para o futuro
Não apenas o ingresso, mas a permanência no ensino superior também sofre os efeitos. A pesquisa indica que 14% dos jovens matriculados já atrasaram o pagamento da mensalidade ou tiveram que trancar a graduação por causa de apostas online. No Nordeste, esse índice chega a 17%.
O senador destacou a “perda de oportunidade e a evasão de estudantes por causa das bets” como uma “realidade cruel no Brasil e um impacto sério no futuro da nação”.
A crescente popularização das “bets” afeta diretamente o público-alvo da educação superior, comprometendo a renda de jovens de 18 a 35 anos. Projeções de instituições indicam que mais de 986 mil alunos em potencial podem ficar fora das universidades por essa razão.
Além da educação, outros aspectos da vida dos jovens são afetados: 24% disseram ter deixado de investir em academias ou atividades físicas, e 28% deixaram de frequentar restaurantes, bares ou sair com amigos para navegar em plataformas de apostas.
Humberto Costa classificou os números como “absurdos” e “assustadores”, ressaltando que a maioria dos jovens aposta de uma a três vezes por semana. No Sudeste, 41% seguem essa frequência; no Nordeste, 40%; e no Centro-Oeste, 32%.
Um dado alarmante é que as “bets” se tornaram o segundo maior destino da internet brasileira, superando redes como YouTube e WhatsApp em acessos e navegação.
O senador criticou veementemente a atividade, afirmando que ela “destrói o patrimônio das pessoas, impede que os jovens ingressem em uma universidade, para promover pobreza e destruição”. Ele sugeriu, ainda, a necessidade de estudos sobre a quantidade de pessoas que se suicidam devido à jogatina.
O levantamento também apontou que 30,8% dos jovens entrevistados gastaram, em média, R$ 350 em apostas online.
Apelo por maior taxação e derrota de propostas pró-jogatina
O senador aproveitou a oportunidade para defender a ampliação da taxação sobre as apostas online. Ele mencionou a proposta do Governo de elevar a taxa de 12% para 18% sobre as “bets”, mas argumentou que “ainda é pouco”. Para ele, as apostas deveriam ser tratadas como atividades que “provocam dano e sofrimento à população” e, portanto, deveriam ter uma taxação mais forte, comparável à de cigarros e bebidas alcoólicas.
Humberto Costa concluiu seu pronunciamento manifestando a esperança de que a votação da proposta de ampliação da jogatina no Brasil, adiada na véspera, não seja novamente colocada em pauta.
Caso seja, ele expressou o desejo de que o Senado Federal “derrote essa proposta, proteja o povo brasileiro, proteja, principalmente, a juventude do nosso país”.
Assiste o alerta do senador:
Da Redação