Manaus (AM) ─ “Não é construindo hospitais que a gente vai resolver o problema de saúde no Amazonas”. A declaração debochada foi feita pelo governador Wilson Lima (UB), candidato à reeleição neste ano, durante a rodada de entrevista com candidatos ao Governo do Amazonas realizada pela TV Amazonas e deixou o povo amazonense perplexo nesta quinta-feira (15/09).
Durante o seu mandato, o governador gastou mais de R$ 1,632 bilhão na área da saúde e não construiu nenhuma unidade de saúde ou realizou obras de ampliação em hospitais, pronto-socorros e maternidades na capital e no interior. Só este ano, o governo foram mais de R$ 478 milhões repassados ao Fundo Estadual de Saúde (FES) e as más condições continuam.
Desde quando assumiu o cargo em 2019, a população reclama da falta de atendimentos de média e alta complexidade, medicamentos e insumos, como gazes e esparadrapos. E o resultado é a morte de dezenas de pessoas todas as semanas em hospitais da capital e do interior, como foi o caso da pequena Luna Lima, de 5 anos, que morreu por falta de UTI no Hospital Hemoam.
E o reflexo da falta de novos hospitais é o crescimento, todos os dias, da fila do Sistema de Regulação de Saúde (Sisreg), onde pacientes aguardam por cirurgias eletivas, consultas e exames especializados há mais de oito anos. No interior, a situação é ainda pior. Em dezenas de cidades não há atendimento especializado e os pacientes são obrigados a procurar tratamentos em Manaus.
A declaração de Wilson Lima casa com o plano de governo que o governador apresentou à Justiça Eleitoral. No documento não consta a construção de unidades de saúde no seu eventual próximo governo, ou seja, é uma demonstração vai continuar tratando o sistema de saúde à mingua e a população sofrendo com as péssimas condições dos hospitais.
Falta de atenção com a saúde ─ A falta de atenção do governo Wilson Lima com a saúde não é de hoje. Nos anos de 2020 e 2021 durante o início e o pico da pandemia da Covid-19, o governador tinha em caixa um orçamento de R$ 1,1 bilhão e deixou faltar oxigênios nos hospitais na capital e no interior. A consequência foi a morte por afogamento de mais de 4 mil amazonenses.
Por conta disso, em 2020, o Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação contra governador pela suspeita de superfaturamento na compra de ventiladores pulmonares para pacientes do Covid-19 em uma loja de vinho. O episódio ganhou repercussão nacional e Wilson Lima e mais 14 assessores foram alvo de investigações na operação Sangria da Polícia Federal.
A ação policial resultou na prisão da secretária de Saúde, Simone Papaiz por suspeita de envolvimento em um esquema de compra de respiradores durante a pandemia e que teve como alvo principal de busca e apreensão o governador Wilson Lima.
O MPF e a PF apontam supostas fraudes e desvios na compra de respiradores, com dispensa de licitação, de uma importadora de vinhos — os equipamentos deveriam ser destinados ao combate ao novo coronavírus, que causa a doença Covid-19. O governador e seus assessores hoje são réus em processos de fraude no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Outro assessor preso ─ Outro exemplo da falta de compromisso do governo do Estado com a saúde aconteceu em junho de 2021. O então secretário da Saúde, Marcellus Campêlo foi preso na quarta fase da operação Sangria por suspeita de irregularidades nos contratos com o Complexo hospital Nilton Lins, alugado pelo estado para ser usado como hospital de campanha no combate à Covid-19.