Alegando “baixo uso”, governador diz que não vai recuperar AM-364, em Manicoré

A única ponte terrestre que liga o município à capital amazonense está intrafegável há anos, diz MPAM ─ FOTO: Divulgação

 

Manaus (AM) – O Governo do Amazonas, sob a gestão de Wilson Lima (União Brasil), pretenso candidato ao Senado em 2026, declarou em resposta a uma Ação Civil Pública (ACP) movida pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM) que não irá recuperar a rodovia AM-364, única ligação terrestre do município de Manicoré à capital Manaus, uma distância de 390 km, pela BR-319.

A justificativa apresentada pelo Executivo Estadual, que motivou a recusa em priorizar a obra, aponta que a rodovia está em um “local difícil e de baixo uso” em comparação com outras estradas estaduais, o que a deixaria “preterida” no planejamento de recuperação.

A decisão do governo demonstra uma profunda falta de sensibilidade com as centenas de famílias de Manicoré, que dependem exclusivamente da AM-364 para o acesso terrestre a Manaus.

A rodovia tem 84 quilômetros de extensão e se encontra em avançado estado de degradação, com “buracos, pontes caídas e improvisadas, grande quantidade de alagamentos e poças”, é o ponto crucial para a sobrevivência e logística do município.

O promotor de Justiça Venâncio Antônio Castilhos de Freitas Terra, titular da comarca, alertou que a omissão injustificável causará grandes dificuldades à população, especialmente nos momentos críticos de seca na região, quando as alternativas fluviais se tornam limitadas.

Apesar de haver obras em andamento em diversas rodovias estaduais, o MPAM critica a inércia do governo em relação à AM-364. “Não se vê movimentação para a inserção da AM-364 em estudos técnicos, sequer para vistorias ou visitas in loco”, finalizou o promotor.

O Ministério Público solicitou à Justiça, via ACP, medidas emergenciais em 60 dias, incluindo reparos provisórios em pontos críticos, sinalização adequada e apresentação de um cronograma de obras para a recuperação integral da via, sob pena de multa diária de R$ 20 mil.

A situação se agrava com a intenção do Executivo Estadual de devolver parte da via à União, devido ao compartilhamento do traçado com a BR-319 em um trecho de aproximadamente 84 km.

Enquanto a burocracia segue, a população de Manicoré permanece à mercê da rodovia em colapso e da iminência de um novo período de estiagem.

Da Redação, com informações da assessoria de imprensa

 

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