
Por Juscelino Taketomi*
Manaus (AM) ─ Em fins de 2024, em entrevista ao Valor Econômico, o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos destacou a complexidade e a urgência das questões envolvendo a preservação da Amazônia e o combate ao crime organizado na região.
Com uma perspectiva baseada em sua experiência política e no reconhecimento internacional de seus esforços pela paz, Santos trouxe à tona a interconexão entre a preservação ambiental e a necessidade de cooperação internacional para enfrentar os desafios socioambientais.
Santos apresentou uma análise equilibrada sobre a exploração de petróleo na Amazônia, tema que divide líderes regionais como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o colombiano Gustavo Petro. Enquanto Lula não descarta a abertura de novas frentes de produção, Petro defende que a Colômbia não deve explorar a Amazônia.
Santos argumenta que, a curto prazo, a exploração pode ser benéfica economicamente, mas a longo prazo, o impacto ambiental negativo supera os benefícios imediatos. “Temos que ir nos desfazendo do petróleo, mas não pode ser de um dia para o outro”, disse, enfatizando a necessidade de uma transição gradual.
A interdependência entre a crise climática e a preservação da biodiversidade é um ponto vital na visão de Santos. Ele defende que as conferências das Nações Unidas sobre biodiversidade e clima, que atualmente são separadas, deveriam ser unificadas para refletir essa relação simbiótica. “Se não há progresso em proteger a biodiversidade, a luta contra a mudança do clima fracassa”, afirma, ressaltando que a proteção da Amazônia é essencial para conter a crise climática global.
O crime na Amazônia ─ Um dos pontos mais alarmantes levantados por Santos é o controle do crime organizado sobre vastas áreas da Amazônia. Ele argumenta que, sem a cooperação internacional e uma estratégia coordenada para combater essas organizações criminosas, os esforços para preservar a floresta serão ineficazes. “A região, em boa medida, está sob controle do crime organizado, que é um negócio multinacional”, alerta Santos, destacando a necessidade de colaboração entre os países amazônicos.
A posição de Juan Manuel Santos, com sua combinação de pragmatismo político e compromisso com a justiça ambiental, oferece uma visão abrangente e urgente sobre a preservação da Amazônia. Sua ênfase na cooperação internacional, na luta contra o crime organizado e na necessidade de uma conexão mais profunda com a natureza expõe os desafios para proteger um dos ecossistemas mais importantes do planeta.
*Juscelino Taketomi é jornalista