Manaus (AM) ─ Uma planilha apreendida pela Polícia Federal (PF) com o empresário Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, mostra que o esquema de fraude em licitações com recursos de emendas parlamentares tinha alcance nacional e chegava a pelo menos 12 estados, incluindo o Amazonas, e R$ 824,5 milhões em valores.
Moura foi preso pela PF de Salvador no dia 10 de dezembro durante a Operação Overclean suspeito de fraude em licitações.
De acordo com a polícia, o empresário Marcos Moura, atenderia diretamente o Amazonas para acompanhar a planilha com valores de R$ 18,8 milhões direcionados ao estado, porque as iniciais MM constam no documento como “responsável” pelas tratativas.
O estado de São Paulo aparece no topo da lista com um valor de R$ 245 milhões, seguido pelo estado do Rio de Janeiro, com R$ 89,6 milhões. A Prefeitura de São Paulo aparece com R$ 71,1 milhões e a do Rio com R$ 49,3 milhões.
Na sequência, por ordem de valores, aparecem os seguintes estados: Maranhão (R$ 39,3 milhões), Pernambuco (R$ 36 milhões), Goiás educação (R$ 35,2 milhões), Pará (R$ 34 milhões), Mato Grosso (R$ 26,1 milhões), Piauí (R$ 25,6 milhões), Paraíba (R$ 25,4 milhões), Amazonas (R$ 18,8 milhões), Tocantins (R$ 9,5 milhões) e Amapá (R$ 6,9 milhões).
Além da capital paulista e fluminense, aparecem cidades desses estados como Niterói, Caxias, Campos e São João do Meriti (RJ); e Bragança Paulista, Guarujá, São Carlos Piracicaba e São Carlos (SP).
A planilha é dividida em cinco pontos:
Estado
─ “Responsáveis”
─ Planilha/Valor
─ Projeto
─ Adesão/Ata
Todos as localidades têm relação direta ou indireta com o partido União Brasil. O “Rei do Lixo” integra o diretório nacional do partido, tendo sido indicado para o posto pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto.
A planilha apreendida mostra esse alcance nacional do esquema, que se baseava no desvio de recursos de emendas parlamentares em Brasília. Estados e prefeituras com orçamentos grandes, como São Paulo e Rio de Janeiro, lideram a lista de valores na planilha.
─ Entre os documentos apreendidos, destacou-se uma planilha encontrada em posição de destaque, que chamou a atenção da equipe de abordagem. O documento apresentava uma relação detalhada de valores, entidades, pessoas vinculadas e possíveis contratos -, diz o documento da PF.
Ela destaca que em alguns desses estados e municípios era o próprio Rei do Lixo que tratava do assunto. “Um ponto que merece atenção especial é a menção a “MM”, possivelmente referindo-se a Marcos Moura. (…) Uma análise preliminar revelou a citação a “MM”, identificando-se como referência a Marcos Moura, também mencionado como “Amigo M” em outras ocasiões, conforme detalhado na Representação anteriormente apresentada. Os contratos associados a Marcos Moura totalizam mais de R$ 200 milhões”, detalha a PF.
A planilha menciona “MM” com referência a “Amazonas”, “Estado Rio de Janeiro”, “Prefeitura Rio de Janeiro”, “Goiás Educação” e Amapá”.
Para os investigadores, “a planilha agora analisada reforça e corrobora as evidências já submetidas a este juízo, consolidando o vínculo de Moura com as atividades ilícitas investigadas”.
Com informações do CNN Brasil