Manaus (AM) ─ Pela primeira vez na história política do Amazonas, servidores aposentados e pensionistas da Câmara Municipal de Manaus (CMM) foram pegos de surpresa e não receberam seus pagamentos do mês de janeiro, que estavam previstos para serem creditados nesta sexta-feira (24/01).
O motivo foi à falta de repasse dos recursos por parte do presidente da Casa, vereador David Reis (Avante) à Manaus Previdência (ManausPrev), autarquia municipal responsável pelo trabalho de cadastramento, recadastramento e organizar a efetivação da transferência dos proventos às agências bancárias.
As justificativas estão sendo dadas aos aposentados e pensionistas por meio do call center da ManausPrev (92) 3186-8000 desde as primeiras horas da manhã desta sexta-feira (24/01).
O amazonas365 ouviu um dos prejudicados, que pediu para não ser identificado. Ele explicou que o benefício é creditado pela agência bancária, sempre, nos primeiros minutos, após a meia noite, nas contas dos beneficiários.
─ Para a minha surpresa, não saiu nada. Liguei para a ManausPrev e me informaram que a Câmara não repassou o nosso dinheiro. Agora não sei o que fazer -, explicou o aposentado, que trabalho mais de 50 anos na CMM.
Veja a resposta da ManausPrev:
Juristas ouvidos pelo amazonas365 analisaram que, a falta de pagamento dos aposentados e pensionistas, pode ser judicializada, e o presidente da CMM possa ter cometido os crimes apropriação indébita de valores e de improbidade administrativa, o que podem trazer sérias complicações políticas nas próximas horas.
Os aposentados e pensionistas da Câmara são pessoas com idade acima dos 70 anos, que contribuíram trabalhando em gabinetes da Casa Legislativa durante anos.
Os salários que eles recebem todos os meses são utilizados, geralmente, na aquisição de medicamentos, despesas médicas, alimentação e pagamento de contas de água, energia elétrica, e outros compromissos mensais.
Amigo do prefeito ─ David Reis é um dos principais aliados do prefeito David Almeida (Avante). Ele foi reeleito para a presidência da Casa Legislativa em dezembro com voto de 35 dos 44 vereadores, a maioria da bancada governista.
Nos últimos anos que comandou a CMM, o vereador ficou conhecido por se envolver em diversos escândalos de suspeita de desvio de recursos públicos e tentar construir o famoso “puxadinho da Câmara”. Ele pretendia gastar R$ 32 milhões com a obra, mas foi barrado pela Justiça.
Reis responde a inquéritos no Ministério Público do Estado (MPAM) por outras suspeitas de irregularidades, uma delas diz respeito ao pagamento suspeito no processo de aquisição de açúcar e café para a Casa.
Posto para fazer limpeza ─ No seu primeiro ato administrativo, este ano, Reis contratou com dispensa de licitação, ou seja, sem concorrência pública, a empresa LS Serviços de Organização de Eventos Ltda., por R$ 1,5 milhão para prestação de serviços de limpeza na Casa Legislativa.
Ele usou o pretexto de “situação de emergência” para justificar a contratação da empresa, que segundo a Receita Federal, tem como nome fantasia Posto V8 Express e a atividade principal o comércio varejista de combustíveis.
As assessorias da Câmara e da ManausPrev ainda não se manifestaram sobre o assunto. O espaço está aberto.
Da Redação
