Capacitação e Sustentabilidade, caminhos de transformação da Zona Franca de Manaus  

 

“A qualificação técnica, incluindo os bons cursos de curta duração, voltados para áreas estratégicas, abre caminho para construir força de trabalho que atenda à demanda crescente do mercado e que também esteja comprometida com a preservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.

 

*Por Nelson Azevedo ─ [email protected]

 

Manaus (AM) ─ A recente reunião do Conselho de Desenvolvimento do Amazonas (Codam) trouxe uma projeção otimista sobre o futuro da Zona Franca de Manaus (ZFM), sugerindo que a região está retomando o caminho para uma nova “era de ouro”. Esse cenário promissor, marcado por um crescimento no faturamento e investimento em setores estratégicos, enfatiza uma questão central para a sustentabilidade e evolução do Polo Industrial de Manaus: a qualificação técnica de sua força de trabalho.

 

Visão integrada ─ A Zona Franca de Manaus, com uma indústria vibrante no coração da Amazônia, busca uma transformação que vai além dos resultados econômicos. Comprometida com um modelo de desenvolvimento sustentável, ela se concentra em diversificar e adensar seu processo produtivo, além de promover uma interiorização que fortaleça a bioeconomia. Esse projeto ambicioso exige que os profissionais que atuam no setor industrial tenham uma formação técnica robusta, que combine habilidades práticas com uma visão integrada dos desafios regionais.

 

Importância da qualificação rigorosa ─ O crescimento da ZFM depende da capacidade de seus trabalhadores em operar e inovar em um ambiente altamente automatizado e tecnológico. Fica mais fácil, assim, avançar para Indústria 4.0 em setores como eletroeletrônica, logística, e operação industrial que têm uma demanda crescente por profissionais capacitados em áreas como mecatrônica, automação e programação. A formação técnica é um alicerce nesse contexto, pois permite que jovens recém-formados no ensino médio ingressem no mercado de trabalho com uma qualificação inicial que os torna imediatamente produtivos.

 

Formação de tecnólogos ─ O Mapa do Trabalho Industrial do Senai projeta que o Amazonas precisará qualificar aproximadamente 175 mil profissionais até 2027 para atender às necessidades do mercado. Esse número inclui tanto novos profissionais quanto trabalhadores que necessitam de atualização. A formação de tecnólogos em cursos de curta duração também é fundamental para esse processo, pois proporciona uma alternativa ágil e alinhada às exigências do mercado, preparando profissionais que podem contribuir para a expansão da ZFM de forma ágil.

 

Educação alinhada aos desafios regionais ─ O desenvolvimento de uma indústria sustentável na Amazônia exige que os programas de qualificação técnica estejam conectados às demandas locais. Na ZFM, a qualificação de profissionais não deve apenas preparar os jovens para operar máquinas ou programar sistemas, mas também engajá-los nos desafios de manter uma floresta em pé, fomentar a bioeconomia e respeitar a biodiversidade da região. Nesse contexto, a educação técnica assume um papel estratégico, pois promove uma compreensão sobre a interdependência entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

 

Consciência ambiental ─ A formação de tecnólogos, especialmente em áreas de curta duração, com especialização essencialmente tecnológica, permite que os alunos estejam rapidamente aptos para enfrentar os desafios industriais específicos da Amazônia. Além das habilidades técnicas, para quem opera na Amazônia, é fundamental que os cursos promovam uma consciência ambiental e sustentável, abordando práticas de produção que respeitem o ecossistema local e contribuam para o fortalecimento da economia verde.

 

Interiorização e bioeconomia ─ A expansão da ZFM não deve se limitar ao perímetro de Manaus. A interiorização da produção industrial, incentivada pela bioeconomia, representa uma oportunidade de crescimento que se estende para além da capital, atingindo comunidades ribeirinhas e indígenas. Essa estratégia não só gera empregos, mas também promove o uso sustentável dos recursos naturais da Amazônia, fortalecendo cadeias produtivas que respeitam a floresta.

 

Cadeias produtivas e infraestrutura ─ Para que essa interiorização seja viável, é necessário investir em infraestrutura e em um sistema de qualificação que alcance o interior do estado, capacitando moradores locais para trabalhar em cadeias produtivas sustentáveis, como a extração de óleos essenciais, a produção de cosméticos e a farmacêutica, por exemplo. Esses profissionais precisam de uma formação técnica que valorize o conhecimento regional e combine com práticas tecnológicas avançadas, gerando um desenvolvimento que seja economicamente viável e ambientalmente responsável.

 

Novo patamar ─ A Zona Franca de Manaus está em uma fase de transformação e retomada, marcada pelo compromisso com um modelo de desenvolvimento sustentável e diversificado. No entanto, para que essa era de ouro se concretize, é essencial que o estado invista em uma educação técnica de qualidade, capaz de preparar profissionais para os desafios da indústria moderna sem perder de vista as necessidades específicas da Amazônia.

 

Áreas estratégicas ─ O futuro da ZFM depende da capacidade de integrar educação, sustentabilidade e inovação. A qualificação técnica, incluindo os bons cursos de curta duração, voltados para áreas estratégicas, abre caminho para construir uma força de trabalho que atenda à demanda crescente do mercado e que também esteja comprometida com a preservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

 

*Nelson é economista, empresário e presidente do SIMMMEM, Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e da CNI e vice-presidente da FIEAM.

Artigo anteriorMP Amazonas investiga falta de transparência em dispensa de licitação de R$ 1,2 milhão da SEC    
Próximo artigoCrea-AM realiza 1ª Corrida Pedestre no Centro Histórico de Manaus, no dia 15 de dezembro