Investimentos da Open Society Foundations no Brasil e nos estados da Amazônia

 

*Por Juscelino Taketomi

 

Manaus (AM) ─ Dono de uma fortuna estimada em US$ 6,7 bilhões (R$ 32,7 bilhões), segundo a revista Forbes, o magnata George Soros é um dos investidores mais proeminentes e controversos do mundo. Sua fundação, a Open Society Foundations (OSF), é igualmente conhecida por seu envolvimento em uma variedade de questões sociais, políticas e econômicas em todo o planeta.

 

No Brasil, os investimentos da OSF têm sido objeto de discussão e debate, tanto por seus defensores quanto por seus críticos. Estes desconfiam das ações do magnata entendendo que ele almeja muito mais do que simplesmente trabalhar na defesa da sociedade aberta, a qual estaria ameaçada não só pela crise climática, mas por líderes políticos de pensamento e intenções hostis à tal sociedade, tais como Donald Trump, Jair Bolsonaro, o húngaro Viktor Orbán e o italiano Matteo Salvini, dentre outros.

 

Nascido em 1930 na Hungria, Soros ganhou fama por suas habilidades de investimento, especialmente em operações financeiras de grande escala. Além disso, é conhecido por sua atuação filantrópica por meio da OSF que comanda uma rede de fundações com o objetivo de promover os princípios de democracia, direitos humanos e sociedade aberta no mundo.

 

Sabe-se que a Open Society Foundations está presente no Brasil desde a década de 1990 e tem apoiado uma ampla gama de projetos e iniciativas em todo o país. Seus investimentos cobrem diversas áreas, incluindo direitos humanos, justiça social, educação, saúde, desenvolvimento econômico e fortalecimento da democracia.

 

Direitos humanos e justiça social

Um dos focos principais da OSF no Brasil é o apoio a projetos que promovem os direitos humanos e a justiça social.

 

Isso inclui o financiamento de organizações não governamentais (ONGs) que trabalham em áreas como direitos LGBTQ+, direitos das mulheres, direitos indígenas e combate à discriminação racial.

 

A OSF tem apoiado programas que visam combater a violência policial e promover a reforma do sistema de justiça criminal.

 

Outra área de investimento da OSF no Brasil é a educação e o desenvolvimento econômico. A fundação apoia projetos que visam melhorar o acesso à educação de qualidade, especialmente para grupos marginalizados e comunidades de baixa renda.

 

Também financia iniciativas voltadas para o empreendedorismo social e o desenvolvimento de pequenas empresas como forma de promover o crescimento econômico inclusivo.

 

O fortalecimento da democracia é um dos princípios fundamentais da OSF, e a fundação tem investido recursos significativos no Brasil para apoiar iniciativas nesse sentido.

 

A OSF financia organizações que promovem a transparência governamental, o combate à corrupção e o engajamento cívico.

 

Críticas e controvérsias

Os investimentos de George Soros e da Open Society Foundations no Brasil, porém, não encantam alguns setores midiáticos que levantam críticas e controvérsias a respeito do megainvestidor.

 

Alguns críticos argumentam que os investimentos representam uma perigosa interferência externa nos assuntos internos do país e questionam as motivações por trás do financiamento de certas iniciativas. Para eles, a OSF estaria mandando mais que o próprio Estado brasileiro em determinados assuntos.

 

Há acusações, por exemplo, de que a OSF estaria promovendo uma “agenda globalista” ou atingindo a soberania nacional. Dizem que Soros vê o Brasil com especial interesse em virtude dos recursos naturais que o país detém e que são um diferencial no planeta.

 

No Brasil, 118 organizações já abocanharam grana da OSF. A lista é gigantesca: Fundação Fernando Henrique Cardoso, Conectas Direitos humanos, Instituto SoudaPaz, Instituto Igarapé, Instituto de Bioética Anis e Fundação Getúlio Vargas (FGV).

 

Da lista também figuram a  Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Empresa Folha da Manhã SA (Folha de São Paulo),  Instituto Clima e Sociedade, Memorial Chico Mendes, Comissão Pastoral da Terra do Pará, União Nacional dos Estudantes (UNE), Associação Marielle Franco e a página Quebrando o Tabu.

 

A agenda imposta pela OSF a essas organizações inclui bandeiras como a diminuição da população carcerária, legalização das drogas, promoção da ideologia de gênero, desarmamento da população, exploração da Amazônia e legalização do aborto.

 

Sabe-se que a Folha da Manhã foi agraciada em 2019 com US$ 55.000 para divulgar matérias educando o povo brasileiro acerca da guerra às drogas. Em 2022, os recursos chegaram a US$ 200.000 para a Folha produzir matérias sobre a crise climática.

 

Os críticos de Soros não veem as ações da OSF no Brasil como um gesto de boa cidadania e fraterna ajuda à população brasileira às voltas com milhares de sérios problemas.

 

Esses críticos, geralmente ligados a veículos midiáticos de direita, como o Brasil Paralelo, no Youtube, veem as ações como uma forma de construir uma infraestrutura de poder paralelo para impor ao país uma agenda de controle da mídia e de forte influência na economia e no contexto social consoante os interesses das grandes corporações internacionais que, na verdade, governam hoje o mundo, ditando como deve ser o comportamento das sociedades e dos governos com relação a questões como direitos humanos.

 

Folhas de coca

Na América Latina, a OSF defende a legalização do uso comercial das folhas de coca, apoiando pesquisas referentes à reforma das políticas de drogas na região e propondo debates sobre alternativas à proibição total das substâncias.

 

Sustenta a OSF que isso é parte de uma abordagem mais ampla de redução de danos e busca por políticas mais eficazes de controle de drogas.

 

A legalização das drogas é vista pela OSF como um modo melhor de lidar com questões de saúde pública, oferecendo oportunidades para intervenção médica e prevenção de doenças.

 

Em alguns países da América Latina a coca é uma cultura importante para a subsistência de comunidades locais. A legalização controlada permitiria o desenvolvimento de uma indústria legal em torno da coca, abrindo  oportunidades econômicas alternativas.

 

Forte ação na Amazônia

Em 2023, a Fundação Sociedade Aberta (OSF), de George Soros, divulgou um aporte da ordem de R$ 75 milhões para bancar projetos de sustentabilidade na Amazônia Legal.

 

O Fundo para Biodiversidade da Amazônia (ABF, na sigla em inglês), administrado pela consultoria Impact Earth (IE), foi uma das organizações agraciadas para ações nos seguintes estados: Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso. Para quem não sabe, A organização é vinculada a RQA Group, atrelada a empresas norte-americanas e dos Reino Unido.

 

A atuação da ABF é realizada por meio de várias empresas financiadas por ela, comercializando produtos fabricados com recursos da biodiversidade local, valendo ressaltar o café de Apuí, município situado no Sul do Amazonas.

 

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que funcionou há pouco tempo no Senado levantou suspeitas sobre as atividades da Impact Earth em Apuí, onde ela tem como parceiro o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

 

De acordo com depoimentos de indígenas à CPI, indígenas residentes em Pari-Cachoeira, distrito de São Gabriel da Cachoeira. No Amazonas, ONGs estão ludibriando indígenas ao comprarem, a preços irrisórios, suas matérias-primas e as revenderem no exterior por preços absurdos.

 

*Juscelino Taketomi é jornalista

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