
Manaus (AM) – Enquanto o governo de Wilson Lima (União Brasil) dispõe de um robusto orçamento de R$ 3 bilhões para a segurança pública em 2025, inserido em um montante estadual de R$ 31,5 bilhões, a qualidade do atendimento à população nas delegacias do interior expõe uma alarmante face do descaso com a segurança e os direitos dos cidadãos.
A situação se torna ainda mais grave ao confrontarmos essa expressiva verba com os dados do Atlas da Violência 2024, que revelaram um cenário estarrecedor em 2022: o Amazonas registrou a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes na região Norte e a segunda maior do país, evidenciando a ineficácia dos bilionários investimentos alegados pelo governo, que somam R$ 1,16 bilhão desde 2019.
Em um contraponto que escancara a falta de sintonia entre o volume de recursos e a realidade vivenciada pela população, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Manacapuru, precisou intervir para garantir um mínimo de atendimento digno.
Diante de inúmeras denúncias de mau atendimento na Delegacia Interativa de Polícia e na Delegacia Especializada de Manacapuru, o MPAM expediu uma recomendação exigindo, em 60 dias, cursos e oficinas de capacitação e reciclagem para policiais civis, atendentes e demais servidores.
Os relatos da população e de órgãos parceiros pintam um quadro sombrio: abordagem inicial inadequada, falta de acolhimento e lentidão nos procedimentos de registro são as principais falhas. A promotora de Justiça Tânia Maria de Azevedo Feitosa, após constatar a precariedade do atendimento e o baixo efetivo, ressaltou a urgência de uma atualização dos servidores, tanto no trato com o público quanto no respeito aos direitos humanos das vítimas.
A recomendação do MPAM foca em pilares básicos de um serviço público eficiente e humanizado: atendimento humanizado, ética e direitos humanos, atendimento especializado a vítimas de violência e procedimentos corretos de registro e acolhimento.
A promotoria ainda cobra uma parceria prioritária com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM) para viabilizar os treinamentos, sinalizando uma possível omissão do próprio governo estadual em prover a capacitação necessária aos seus servidores da segurança pública.
A disparidade entre o bilionário orçamento da segurança pública e a necessidade de intervenção do MPAM para garantir um atendimento básico e humanizado nas delegacias do interior é um forte indicativo da falta de compromisso efetivo do governo de Wilson Lima com a segurança e o bem-estar da população.
Enquanto o estado amarga índices alarmantes de violência, a falta de investimento em treinamento e capacitação dos servidores da segurança pública no interior expõe uma negligência que impacta diretamente a vida dos cidadãos que mais precisam do amparo do Estado.
O MPAM, ao ter que suprir essa lacuna, revela a urgência de uma reavaliação das prioridades e da gestão dos vultosos recursos destinados à segurança no Amazonas.
Da Redação