MEC aponta queda na alfabetização pelo segundo ano no Amazonas

Pelo segundo ano consecutivo, o governo estadual não alcança o índice de crianças alfabetizadas no Ensino Fundamental ─ FOTO: Reprodução

 

Manaus (AM) ─ Um panorama desolador surge dos dados do Ministério da Educação (MEC): o Amazonas falhou pelo segundo ano consecutivo em atingir a meta de alfabetização infantil. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o Estado caiu de 52,2% para apenas 49,17% número das crianças alfabetizadas ao final do 2º ano do Ensino Fundamental, de 2023 a 2024.

A queda aponta para uma preocupante falta de prioridade do governo estadual, na segunda gestão do governador Wilson Lima (UP), ao ensino básico, tanto na capital quanto no interior, expondo as fragilidades da política educacional executada pela Secretaria de Educação e Desporto (Seduc).

A situação reflete um agravamento do distanciamento da meta de 56,8% para 2024. A capital, Manaus, segue a mesma tendência de queda, com seus índices de alfabetização infantil recuando de 52,2% em 2023 para 50,13% este ano, também abaixo de suas metas locais.

O cenário é ainda mais crítico em diversas localidades do interior. Municípios como Uarini (11,25%), Envira (19,30%) e Caapiranga (21,72%) registram os piores desempenhos do estado, revelando bolsões de grave defasagem educacional que persistem sem solução efetiva.

Governo sob fogo cruzado: A carga da negligência ─ Para Lambert Mello, coordenador jurídico da Asprom Sindical, os números alarmantes são um espelho da negligência do governo estadual para com a base da educação. “O cenário é reflexo da falta de suporte técnico por parte do governo estadual e da ausência de infraestrutura adequada nas escolas”, criticou o sindicalista.

Ele acrescenta que a desvalorização dos profissionais da educação ─ marcada por atrasos na data-base dos professores da Seduc e o não pagamento da inflação acumulada de 13,22% – são fatores que minam diretamente o processo de alfabetização, mostrando que o problema vai além das salas de aula.

Bilhões em orçamento, resultados questionáveis e a contradição da Seduc ─ Apesar do quadro preocupante, o governo estadual tem anunciado cifras expressivas destinadas à Educação. Para 2024, o orçamento aprovado para a Seduc e Cetam totaliza R$ 4,1 bilhões. Também tem divulgado ações como a revitalização de 465 escolas e novas construções.

A prefeitura de Manaus, por sua vez, destinou R$ 2,353 bilhões para a educação municipal no mesmo período. Programas federais também aportam recursos significativos, como o “Pé-de-Meia”, que em 2024 previu cerca de R$ 304 milhões para alunos amazonenses, e o PDDE Equidade do MEC, com R$ 23,9 milhões até 2026 para o estado.

No entanto, a discrepância entre os vultosos investimentos e a dura realidade da alfabetização no estado levanta sérios questionamentos sobre a eficácia e a priorização da aplicação desses recursos.

A manutenção de índices tão baixos e a queda em áreas cruciais como Manaus sugerem que os milhões investidos não estão chegando ou não estão sendo geridos de forma a impactar efetivamente o ensino fundamental e, principalmente, a alfabetização das crianças.

Embora alguns municípios, como Itamarati (82,23%), Japurá (91,93%) e Atalaia do Norte (84,07%), demonstrem que é possível alcançar bons resultados, esses são pontos fora da curva em um contexto de crise generalizada.

A Seduc, que responde afirmando estar “mobilizando os municípios” e investindo em “formação continuada”, é cobrada a apresentar uma reavaliação urgente de suas estratégias para reverter o alarmante quadro da alfabetização no Amazonas e garantir um futuro mais promissor para suas crianças.

Veja na íntegra:

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Da Redação

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