Humaitá, Boca do Acre e Guajará em situação de emergência devido à cheia

Em Humaitá, pontes de madeira para pedestres são construídas para evitar isolamento ─ FOTO: Rede Amazônica

 

Manaus (AM) ─ Os municípios de Humaitá, Boca do Acre e Guajará, no Sul do Amazonas, entraram em situação de emergência a partir desta sexta-feira (28/03) por conta da subida dos rios Madeira, Purus e Juruá, que banham as três cidades, respectivamente.

 

O alerta é do Serviço Geológico do Brasil (SGB), informando, também, que a cheia deste ano, em grande parte do estado, deve ficar dentro da normalidade, exceto na região sul, onde a Defesa Civil apontou Humaitá, Boca do Acre e Guajará como as cidades mais afetadas.

 

Em Manaus, a cheia não deve superar o recorde de 2021, quando o rio Negro atingiu 30,02 metros. A previsão faz parte do primeiro alerta do órgão, divulgado nesta sexta-feira (28/03), com estimativas para os rios Negro, Solimões e Amazonas.

 

Em Boca do Acre, o rio Purus começou a invadir casas. A prefeitura e a Marinha estão distribuindo água potável para os moradores das áreas afetadas, enquanto balsas auxiliam nos atendimentos médicos.

 

No ano passado, o rio Madeira em Humaitá formou um grande banco de areia no leito, mas o cenário atual é bem diferente, com o rio chegando quase ao pico da cheia. O Madeira já alcançou diversos pontos da cidade e inundou estradas na zona rural, prejudicando o acesso das crianças às escolas.

 

A agricultora Léia Garcia vive na zona rural de Humaitá e afirma que encontra dificuldades para levar os quatro filhos à escola devido a situação da estrada em meio a cheia.

 

─ Se for olhar, o calendário tem mais falta do que presença deles por conta do acesso. É bem difícil mesmo.

 

Alerta de cheia ─ O SGB emite três alertas ao longo da cheia, sempre no final dos meses, sendo os próximos em abril e maio. Na maior parte do estado, os níveis devem se manter dentro da normalidade, com exceção do sul do estado.

 

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil, o monitoramento do rio Negro, em Manaus, é feito com base em cotas de medição, tomando como referência a última cheia recorde. Confira a classificação:

 

■ Cota máxima registrada (2021): 30,02m

■ Cota de inundação severa: 29,00m

■ Cota de inundação: 27,50m

■ Cota de alerta: 27,00m

 

Nesta sexta-feira (28/03), o rio Negro marcou 25,91 metros, de acordo com a medição do Porto de Manaus, que monitora os níveis das águas desde 1902. O Serviço Geológico do Brasil (SGB) prevê que a cheia na capital do Amazonas atinja 28,68 metros, um nível entre a cota de inundação (27,5 metros) e a cota de inundação severa (29 metros).

 

O SGB também estima que a probabilidade de inundação severa é de 30%, enquanto as chances de superar o recorde de 30,02 metros são de apenas 1%.

 

Para abril, a Prefeitura de Manaus já planeja ações para mitigar os efeitos da cheia na capital, com foco especial nos bairros Educandos, zona Sul, e São Jorge, zona Oeste. A Defesa Civil Municipal destacou que a construção de pontes está entre as principais medidas previstas.

 

Rio Amazonas ─ Para o Médio Amazonas, em Itacoatiara, o SGB prevê que o nível do rio atinja 14,32 metros até o final do período chuvoso (novembro a março), ficando abaixo da cota histórica de 14,98 metros. Nesta sexta-feira (28/03), o rio estava com 12,48 metros.

 

Rio Solimões ─ No Rio Solimões, a previsão é que o nível chegue a 19,47 metros, sem superar a cota histórica de 20,28 metros. Em Manacapuru, o Solimões registrou 16,55 metros nesta sexta-feira (28/03).

 

Previsão de normalidade ─ O pesquisador de geociência do SGB, André Martinelli, destacou que, segundo o monitoramento do órgão, a tendência para este ano é de normalidade, sem grandes cheias no estado.

 

─ Na verdade, o que a gente observa é uma tendência para normalidade, uma climatologia típica. Então, descartamos uma grande enchente. Observamos chuvas acima da média em fevereiro e março, e a previsão é de que isso continue em abril e maio. Porém, em janeiro, tivemos chuvas abaixo do esperado, então este ano a tendência é de uma cheia normal -, explicou o pesquisador.

 

 

Com informações do G1Amazonas

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