DESPERDÍCIO | Com pior IDH do País, Nhamundá vai gastar R$ 700 mil em show de Murilo Huff    

Prefeitura de Nhamundá prioriza gastos suntuosos com show de Murilo Huff e surgem questionamentos sobre uso de recursos públicos ─ FOTO: Reprodução  

 

Manaus (AM) – A Prefeitura de Nhamundá, município distante 382 quilômetros de Manaus, sob a gestão de Marina Pandolfo (União Brasil), está sob forte crítica após a revelação de que irá gastar um valor exorbitante de R$ 700 mil com a contratação do cantor sertanejo Murilo Huff para um show na Exposição Agropecuária de Nhamundá (Expoanh), que acontecerá nos dias 30 e 31 de maio e 1º de junho.

A decisão de destinar uma quantia tão expressiva para um único evento artístico choca e indigna, especialmente quando confrontada com a dura realidade socioeconômica da cidade. Nhamundá figura entre os municípios com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Atlas Brasil (PNUD/2010), o IDHM de Nhamundá é de 0,586, classificado como “baixo”. Este índice reflete uma realidade de carências significativas em áreas cruciais como educação, saúde e renda per capita.

A título de comparação, em 2010, Nhamundá ocupava a 4495ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros em termos de desenvolvimento humano, e a 22ª posição entre os municípios do Amazonas.

Cachê elevado ─ A contratação, realizada com dispensa de licitação para a empresa M Show Produções e Eventos LTDA, responsável pelos shows de Murilo Huff, eleva o cachê do artista em Nhamundá para um patamar acima da média de mercado, que varia entre R$ 250 mil e R$ 400 mil.

A diferença de R$ 200 mil em relação a outros shows na região, como o de João Gomes, que custou R$ 500 mil, só aprofunda as dúvidas sobre a razoabilidade do gasto.

Em um cenário onde a infraestrutura é precária, a saúde pública é deficiente e a educação ainda luta por avanços básicos, a destinação de R$ 700 mil para um show levanta sérias questões sobre as prioridades da administração municipal.

Sem justificativa ─ No dia 12 de maio deste ano, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) noticiou que está “acompanhando a execução de obras inacabadas em unidades de ensino básico em Nhamundá”. Neste ano, o município decretou situação de alerta/atenção (com risco de emergência) por conta da cheia dos rios.

Como justificar tal investimento em entretenimento em um município que claramente demanda recursos urgentes para melhorar a qualidade de vida de sua população?

A decisão da Prefeitura de Nhamundá joga luz sobre a necessidade de fiscalização rigorosa dos gastos públicos, garantindo que o dinheiro do contribuinte seja aplicado de forma ética e eficiente, priorizando o desenvolvimento humano em detrimento de espetáculos onerosos.

 

Da Redação

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