Falta de equipamento força Anatel adiar início do 5G no Brasil para setembro

 

A pressão do governo sobre a Anatel e o Tribunal de Contas da União para garantir a chegada do 5G em pleno período eleitoral está sofrendo um complicado choque de realidade. Como já fora antecipado pelo grupo de implementação da nova tecnologia em decisão tomada em 11 de maio, o Conselho Diretor da Anatel não viu outro jeito senão confirmar o adiamento, por 60 dias, do calendário da quinta geração. Ou seja, o serviço, previsto para chegar a todas as capitais até 31 de julho próximo, foi postergado por dois meses. A informação foi divulgada pelo site Convergência Digital.

 

 

Não há, porém, garantias de que será possível cumprir mesmo esse novo prazo, pelo menos não em todas as capitais do país. Como apontado pela Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz, ou simplesmente EAF, o braço operacional da implantação do 5G, os impactos na indústria da pandemia de Covid-19 e da escassez de semicondutores – ambos conhecidos durante a elaboração do edital – resultaram na falta de filtros em número suficiente para garantir que o uso do 5G não vai interferir nas transmissões da televisão aberta.

 

“A informação é que o principal elemento que atrasou a entrega dos equipamentos é a situação de interrupção de atividades produtivas na China, onde eles são fabricados. Quer dizer, houve impacto por conta do cenário internacional, pelo lockdown da China. Esse é um fator de risco que vamos continuar monitorando. Mas o edital não tem previsão de prorrogação para além de 60 dias”, disse o presidente da Anatel, Carlos Baigorri.

 

A faixa de frequência do 5G – o naco de 3,3 GHz a 3,7 GHz que se convencionou chamar de 3,5 GHz – é muito próxima de operações de transmissão e recepção de TV aberta no país, notadamente por quem se vale de antenas parabólicas domésticas, mas também nos equipamentos profissionais de transmissão. Por isso, o risco de interferência é real. A fim de contornar esse problema, o leilão do 5G previu que antes de liberar o uso do espectro pelas operadoras móveis, são necessárias medidas de mitigação dessa interferência.

 

Um dos caminhos para isso foi a instalação de filtros nas antenas profissionais. São necessários 1.357 deles, mas conforme previsão da EAF, “o grande gargalo desse projeto é a entrega dos equipamentos LNB com filtros embutidos, visto que o mercado consegue entregar até 30 de junho de 2022 a quantidade de apenas 50 equipamentos desse tipo. Em seguida, em 15 de julho de 2022, a indústria estaria apta a entregar 100 equipamentos dessa modalidade, só sendo capaz de atender a necessidade plena do projeto no dia 31 de julho de 2022, contemplando a necessidade de equipamentos abaixo de 3.800 MHz”.

 

Com informações do site convergenciadigital.com.br

 

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