Anamã pede socorro e denuncia torturas por “tribunal do crime” de facção criminosa

Na cidade, jovens foram torturados por integrantes de fação criminosa sob a alegação de roubo ─ FOTO: Reprodução

 

Manaus (AM) ─ O pacato município de Anamã, a 165 quilômetros de Manaus e lar de 10.318 habitantes, sucumbiu nos últimos anos a um flagelo que se alastra silenciosamente pela vastidão amazônica: o implacável imperialismo do tráfico de drogas.

 

Essa força invasora não apenas introduziu substâncias ilícitas na comunidade, mas estabeleceu um domínio perverso, explorando a inexistência efetiva de uma presença constante e dissuasora das forças policiais municipais.

 

Nesse vácuo de autoridade, facções criminosas transnacionais e locais impuseram seu próprio sistema de “justiça” paralela: o temido “tribunal do crime”. Essa estrutura arbitrária e brutal dita às regras, pune desvios e instaura um regime de terror que oprime os moradores de Anamã.

 

No município, a lei do Estado foi substituída pela violência e pela intimidação, transformando a vida cotidiana em um constante estado de alerta.

 

Nas últimas semanas, um jovem de 21 anos foi tirado de dentro de sua residência por homens armados sob a alegação ter sido autor de um roubo a uma oficina de motocicletas. Ele foi levado para uma estrada, torturado e liberado por membros de uma facção criminosa que tomou conta do município.

 

Nesta semana, um outro rapaz, de 24 anos, foi atacado com coronhadas de revólver na cabeça soba justificativa de ter ajudado no roubo. As famílias deles contestam, e dizem que os dois são trabalhadores rurais.

 

─ Estamos vivendo em clima de terror, e a polícia de Anamã não faz nada. Pedimos a ajuda das autoridades de Manaus para que nos ajude urgentemente, pois o tráfico de drogas está nos impondo o medo e o terror -, denunciou a família do primeiro jovem.

 

A consequência direta dessa invasão e da ausência do poder público é o medo paralisante que agora permeia cada aspecto da vida da população de Anamã. O temor de represálias, de serem submetidos ao julgamento sumário do “tribunal do crime”, ou de se tornarem vítimas da violência inerente ao tráfico, roubou a paz e a segurança que antes caracterizavam o município.

 

Anamã, outrora um refúgio de tranquilidade, tornou-se refém do poder avassalador do narcotráfico e da sua cruel imposição de uma lei sombria.

 

Da Redação

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