Bruno Araújo alertou MPF sobre ameaças de organização criminosa do Vale do Javari

O ambientalista Bruno Araújo está desaparecido desde domingo, dia 5, junto com o jornalista Dom Phillips

O indigenista Bruno Araújo Pereira relatou a integrantes do Ministério Público Federal (MPF), em abril deste ano, que vinha recebendo ameaças de uma organização criminosa que atua com pesca e caça ilegais na região da Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas.

 

Bruno e o jornalista inglês Dom Phillips desapareceram no último domingo (5), quando foram vistos pela última vez na comunidade São Rafael, localizada próxima à reserva indígena, no município de Atalaia do Norte.

 

Segundo o MPF, ainda abril, um plano de ação foi articulado com Polícia Federal (PF) para que os membros da Equipe de Vigilância Indígena da Univaja (EVU) passassem a manter contato direto e em tempo real com as forças policiais, além de que repassar mais informações acerca das irregularidades mapeadas às autoridades, para dar início uma investigação formal.

 

 

Bruno atua como colaborar da Univaja e, no domingo (05/06), dia do desaparecimento, ele parou na comunidade São Rafael, para fazer uma visita agendada. No local, o indigenista faria uma reunião com o comunitário apelidado de “Churrasco”. O encontro não ocorreu porque comunitário não estava no local.

 

De acordo com a Univaja, o objetivo da reunião de domingo era consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas sobre a vigilância do território de Atalaia do Norte, região afetada por intensas invasões.

 

A reserva do Vale do Javari, que é a segunda maior do país, é palco de conflitos típicos da região: tráfico de drogas, roubo de madeira e avanço do garimpo ilegal.

 

Em dezembro do ano passado, o indigenista participou da elaboração de um projeto para monitorar a região. Na época, ele já advertia sobre o aumento de invasões no Vale do Javari.

 

“Trabalho lá há 11 anos e nunca vi uma situação tão difícil. Os indígenas dizem que hoje a quantidade de invasões é comparável à do período anterior à demarcação. Por isso é absolutamente necessário que os indígenas busquem suas formas de organização, montando um esquema de monitoramento capaz de frear conflitos violentos”, diz o indigenista Bruno Pereira, coordenador técnico da Univaja para o projeto”, afirmou Pereira.

A iniciativa foi coordenada pela Organização Não-governamental (ONG) WWF-Brasil e da União dos Povos Indígenas do Parque do Javari (Univaja).

 

O projeto angariou fundos e adquiriu drones, computadores e recursos para preparar capacitação dos indígenas em relação ao monitoramento por meio da tecnologia.

 

Buscas ─ Ainda no domingo (5), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) começou as buscas. Sem obter sucesso, a organização indígena acionou na segunda-feira as autoridades e divulgou nota à imprensa comunicando o desaparecimento dos dois.

 

Segundo a Polícia Civil, até esta quarta-feira (8), seis pessoas já haviam sido ouvidas. Um homem, preso após ser flagrado com uma porção de drogas e munições, também está sendo investigado pelos desaparecimentos.

 

 

Desde então, diversos órgãos federais estão envolvidos na operação para tentar encontrá-los. Agentes da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) participam das buscas, além da Marinha e do Exército.

 

Na segunda-feira, o governo do Amazonas anunciou o envio de bombeiros, policiais civis e militares para reforçar a procura.

 

Com informações do G1 Amazonas

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