Manaus (AM) ─ Condenado pela Justiça amazonense há 20 anos de prisão por tráfico de drogas, o empresário Alex da Silva Viana, o “Sheik” e, também, conhecido como “Alex Colombiano”, um dos principais líderes de uma facção criminosa no Amazonas, fugiu nesta quinta-feira (16/11), depois de ter sido colocado em prisão domiciliar pelo juiz plantonista de Tefé, Alex Jesus de Souza.
De acordo com a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap), o traficante deixou o Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM 1), onde estava preso cumprindo pena, por volta das 17h quarta-feira (15/11). Ele recebeu tornozeleira eletrônica e deveria ter ido para a sua casa, no condomínio Portinari, bairro Tarumã, zona Oeste. Mas, ao invés disto, ele o rompeu o acessório e fugiu.
Horas depois de ter sido informada sobre a fuga, a desembargadora plantonista Onilza Abreu Gerth revogou o alvará de soltura de “Sheik”. “Comunique-se, com urgência, o Juízo de primeiro grau acerca da presente decisão, para que tome as medidas necessárias ao recolhimento do alvará de soltura expedido”, determinou a magistrada.
Desde as primeiras horas da manhã de quinta-feira (16/11), o traficante passou a ser procurado pela polícia em todo Estado. Para a polícia, não há dúvidas do que já estava tudo planejado para a fuga do criminoso.
De acordo com o promotor da 1º Promotoria de Tefé, Thiago de Melo Paulo Freire, a defesa do traficante requereu que fosse concedida a prisão domiciliar para o traficante alegando que “Alex Colombiano” precisa de tratamento de saúde.
─ Analisando os documentos juntados pela defesa constata-se inexistir laudo médico atualizado que comprove a narrativa trazida pela Defesa de que o acusado estaria acometido de doença renal (pedra na vesícula) -, disse o promotor em um dos seus recursos.
Conforme Thiago de Melo, o pedido de prisão domiciliar foi direcionado ao juiz plantonista de Tefé, o que, de acordo com o promotor, não deveria ter sido feito, já que o plantonista, nesse caso, não tem competência para apreciar esse pedido.
─ Como já havia sentença, o pedido deveria ter sido feito no segundo grau ou para a Vara de Execuções Penais (VEP). O juiz apreciou de imediato e cometeu dois equívocos formais. Ele o fez sem autorização do desembargador plantonista, nesse tipo de situação autorização do desembargador plantonista é necessária, e sem a manifestação anterior do Ministério Público -, explicou Thiago de Melo.
O MPAM, assim que teve conhecimento da decisão, por meio de Thiago de Melo, prontamente interpôs recursos contra a decisão do magistrado. A primeira em sentido estrito, perante o juízo do primeiro grau, outra cautelar inominada, no segundo grau.
Conforme o promotor, a desembargadora plantonista Onilza acolheu o pedido do MP, para que fosse revogada a decisão que concedeu a prisão domiciliar e expedido novo mandado de prisão. “Alex Colombiano” fugiu antes do efetivo policial dar cumprimento ao mandado de prisão.
De acordo com o informações do MP, “Alex Colombiano” integra uma das principais facções e é considerado um dos maiores distribuidores de droga do Amazonas. Ele leva a vida de empresário, na área de transporte fluvial, para ocultar o lucro do comércio de drogas da tríplice fronteira. Para a polícia, “Alex Colombiano” é um traficante travestido de empresário,
“Alex Colombiano” tem contatos direto com produtores de cocaína e maconha na Colômbia e foi por conta desse relacionamento com eles que acabou ganhando o apelido de “Alex Colombiano”.
Dentro da facção, se destacou como um dos principais fornecedores de drogas, sendo “promovido” a um dos dez conselheiros do CV no Amazonas devido o seu conhecimento em lavagem de dinheiro.
Antes de ser preso, utilizava a sua empresa, a Viana Transporte e Logística de Cargas, para lavar dinheiro do tráfico, financiando ações criminosas, incluindo o ataque contra a viatura da Polícia Civil em frente ao Fórum Henoch Reis em janeiro de 2022, onde um grupo armado ligado à facção assassinou um dos líderes de outra organização criminosa.
Alex Colombiano foi preso pela Polícia Federal em maio de 2022, na calha do rio Japurá, com 195 quilos de droga. A mesma estava escondida na embarcação Rebouças Júnior de sua propriedade.
Na casa dele foram encontradas diversas armas de fogo e documentação apontando possível lavagem de dinheiro, uma vez que o traficante possui acumulo de bens incompatíveis com a movimentação da empresa em que é proprietário.
Com informações do portal A Crítica