Correios no Amazonas em mãos de Bolsonarista após saída do União Brasil

A bolsonarista Antônio Rebouças assumiu a chefia interina com a saída de Marco Terêncio, indicado pelo União ─ FOTO: Produção/AM365

 

Manaus (AM) – O “desembarque” do União Brasil da base do governo federal no Congresso provocou nova configuração política nos comandos de órgãos autarquias no Amazonas  nas últimas semanas, e também expôs uma falha estratégica do Partido dos Trabalhadores (PT) no controle da máquina.

A superintendência dos Correios, um dos postos mais cobiçados, caiu no colo de uma aliada Bolsonarista e do governador Wilson Lima, que preside a sigla no Estado: a servidora de carreira Antônia Rebouças de Oliveira, devido à lentidão da nomeação petista.

A exoneração de Marco Terêncio da Silva Sampaio, indicado pelo deputado Fausto Júnior (União Brasil), abriu a vaga. Contudo, em vez de um nome do PT – partido que administra politicamente a estatal no estado –, o cargo foi assumido interinamente por Rebouças, que era a segunda na hierarquia.

De acordo com o site oficial dos Correios, Terêncio Sampaio assumiu o cargo no dia 20 de abril de 2023, início do terceiro governo Lula, e deixou a chefia do órgão no Amazonas no dia 15 de outubro deste ano, mesmo quatro dias antes do fim do prazo estabelecido pelo União para que todos os filiados deixassem seus cargos.

Veja a data da saída de Terêncio Sampaio:

O detalhe da sucessão nos Correios do Amazonas se transforma em um paradoxo político de alto impacto.

Antônia Rebouças, servidora que chefiou a estatal no Amazonas durante o governo Jair Bolsonaro e é uma aliada declarada do presidente regional do PL, o ex-ministro Alfredo Nascimento, reassume o comando, ainda que interinamente.

O PT no Amazonas não conseguiu, até o momento, articular e emplacar um nome de dentro do partido para assumir o posto, apesar de ter a prerrogativa política para isso.

Na prática, a omissão ou a morosidade do PT em indicar um quadro próprio permitiu que um órgão federal estratégico e com capilaridade em todos os municípios amazonenses ficasse sob a gestão, mesmo temporária, de uma figura ligada à principal força de oposição ao governo.

O xadrez federal e a crise na base ─ A situação nos Correios é o reflexo mais nítido do terremoto causado pelo União Brasil, que exigiu a entrega de todos os cargos federais, culminando na saída de ministros em Brasília. A medida forçou o governo a refazer a distribuição de poder para garantir a governabilidade.

No Amazonas, onde o União Brasil, via Fausto Júnior, detinha a indicação de Terêncio, a saída da sigla do jogo abriu a disputa pela máquina. O fato de uma figura bolsonarista ter assumido interinamente a superintendência dos Correios pressiona o PT local a acelerar a escolha de um nome para evitar que o órgão permaneça sob a influência da oposição em um momento crucial de rearranjo político.

O cenário aponta para uma intensa movimentação nos bastidores, onde a pressa do governo em consolidar sua base colide com a burocracia e as disputas internas por espaço – permitindo, ironicamente, que os adversários ganhem terreno no comando de serviços essenciais no estado.

Da Redação

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